NOTA DE ABERTURA
POESIA EXPRESSÃO DO NOSSO SENTIMENTO
Dizia o velho Fernandes Pinheiro, nas apostilas de
retóricas e poéticas que “Os Homens têm quase as mesmas ideias acerca dos
objetos que estão ao alcance de todos, sobre que versam habitualmente os
discursos e escritos, constituindo a diferença na expressão, o estilo que
apropria as coisas mais comuns, fortifica as fracas, e dá grandeza às mais
simples. Nem se pense que haja sempre novidades para exprimir; é uma ilusão dos
parvos ou ignorantes acreditarem que possuem tesouros de originalidade, e que
aquilo que pensam, ou dizem, nunca foi antes pensado, ou dito por ninguém”.
Junto a António Candido, escritor brasileiro,
e tantos outros escritores, poetas, romancistas, e novelistas, quero me viajar
nesse barco do velho pinheiro, concordando absolutamente que no mundo de arte
não há novidades, todos são objetos de imitações, sobretudo no que diz respeito
a sentimentos. É uma tolice acreditar no tesouro da originalidade, como disse o
velho Pinheiro.
Percorri todo esse planeta, dei volta
a vida, dei uma olhada com um olhar poético, vi as nuvens separando do sol, os
Homens como animais, a ambição ocupou lugar de amor, o ódio cercou o nosso
quotidiano, o egoísmo estendeu-se e deixou raízes nos corações humanos. O poeta
atento, observando a ignorância dos Homens, uns que matam para chegar ao topo,
outros que matam para se desabafar do ódio... Por que, irmãos? Se todos foram
criados por um pai generoso.
Este presente trabalho na verdade nasceu,
sobretudo, de sentimentos, os quais abominam a amargura, ofuscando, na maior
parte das vezes, os poucos momentos felizes e infelizes de minha existência, a
tratar-se de sentimentos, parece-me que em literatura a poesia é o modo ideal de
expressa-lo. Considero o verso mais direto, mais espontâneo do que a prosa, com
relação ao leitor (e ao poeta que os cria).
Escrevo em principio para mim mesmo
e para o meu povo sofredor; portanto, não omito o racismo, nem a extrema
pobreza, nem a corrupção dos ricos, nem as infâncias desvalidas, nem a fome,
nem as cidades esvaziadas, arrasadas, divididas pelo sangue dos corpos
mutilados dos irmãos.
Meu livro entrecruza os golpes
infames dos quais meu País foi vitima, a episódios que eu mesmo vivi ao longo
dos tempos.
Hoje me sinto feliz a sua
publicação apesar de que foi um sonho que tive há muito tempo, mas na verdade
confesso que o tempo serviu-me de suporte e experiência de lidar com as letras
nas suas sílabas, também um conhecimento fundo de conhecer os versos e seus
brilhos, (Essa busca) rasgou as vestes na madrugada do meu pensar, cresceu e
feriu a minha alma. Hoje mas de que nunca sinto orgulho de poder publicá-la
“BUSCA” que acompanhou todos os episódios da minha vida, diferentes fases que
marcou a história da minha terra, a maldade no mundo, e alguns momentos de
risos e outras de lágrimas que eu mesmo abracei para entender o verdadeiro
significado da palavra” amor”.
Quero que a voz dos meus poemas,
como a voz do meu povo substitua em convicção e em piedade a minha própria voz.
Depois de terminar o meu livro
vejo, e me sinto cada vez mais próximo de entender e viver a poesia. A poesia é
uma viagem- uma longa viagem- que talvez mais termine enquanto vivermos. É a
mesma bela e preciosa travessia em que uma pessoa é capaz de aventurar-se; ser
poeta é, antes, demais uma questão de liberdade, uma recordação vivida, uma
lembrança amorosa, ao criar aspectos de vida em seus poemas-dos mais sólidos
aos mais plenos beleza e luz - O poeta desvenda os caminhos de existência
humana. É por isso que tão perfeitamente se justifica o livro de Pablo Neruda:
Compasso que vivi.
Meus poemas são ainda um espelho.
Diante dele, fico cego e me afasto, para que tu, leitor, contemple a tua imagem
e alcance alivio para a tua inquietação.
“Viuere est cogitare”: de origem latina,
significa em português “viver é pensar”. Se viver é pensar, a poesia também
envolve o nosso pensamento, e mudança do interior, porque a poesia é vida,
talvez isso me leve ainda a crer que ela serve sobre nada.
Eliseu José Pereira Ié
Rio de Janeiro, Fevereiro de 2010.
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